6 de jul. de 2012

Religião X Espiritualidade







O jovem Pastor Ed René Kivitz :

Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do
Santos atual campeão paulista de futebol foi a uma instituição que
abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de
Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.

Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.

Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa
(32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a) : todos ídolos super-aguardados.

O motivo teria sido religioso: a instituição era o Lar Espírita
Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia
Cerebral

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o
grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos
informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque
não quiseram.

Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos
600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a),
Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as
crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ
KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise
profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto "No Brasil, futebol é
religião", que abaixo tenho o prazer de compartilhar.


No Brasil, futebol é religião (por Ed Rene Kivitz)

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é
mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me
convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada
vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em
detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos
morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas
e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o
inferno; ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo;
ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo
na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo
religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação
ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se
o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita
kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as
pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a
intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de
outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso
sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por
aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela
conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de
existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio
através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus,
com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores
como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade,
amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a
todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio
de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem
com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo
da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e
iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no
ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua
religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e
dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de
uma paralisia mental.

René Kivitz, cristão, pastor evangélico e santista desde pequenininho





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